Sad Christmas

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Aqui meus escritos sobre a passagem de Natal do ano de 2009.
Um bom ano.

Eu sempre fico receoso diante da tradição de festas. Já escrevi uma vez sobre o quanto fico desconcertado em meu aniversário. Talvez, no aniversário de um outro, minha visão distanciada permitiu uma análise mais profunda de uma festa.
A começar com muita gente desejando muitas coisas boas para o Natal, outros dizendo que devemos retomar o espírito da celebração e blá blá blá. Não acredito muito na sinceridade disso. A maioria das pessoas, eu espero, comemorou a moda humana de festejar, beber, estar com os amigos e parentes que não se vê muito... Um pré ano novo, como existe o pré carnaval, o esquenta a emenda do feriado... Nada de ruim nisso, eu adoro e pratico.

Minha festa foi composta por pessoas perdidas.

Tínhamos nos convivas meus pais, meu tio, eu e minha irmã. Minha prima, seu marido, sua filha e sua sogra surda a quem ninguém dava atenção. E mais o cachorro em busca de uns restos.
Às 22:00h jantamos, falamos de assuntos tristes (violência e atraso do país) enquanto um filme de guerra passava na tevê. Eu me perguntava o tempo todo o que pensava a senhora surda.
Minha mãe esqueceu de entregar o presente do meu pai. A criança ganhou seus devidos presentes. Niguém desejou feliz natal, brindou ou qualquer outra coisa.

Fomos embora por volta da uma da manhã e voltamos para o almoço que correu um pouco, se não melhor, mais sincero. Estávamos ali para comer o que sobrou da ceia. Passei a tarde conversando com a senhora surda por meio de papel e caneta.

Hoje um homem veio pedir comida na minha porta. Dei a ele um saco com alguns itens e ele agradeceu dizendo que Deus me trouxesse em dobro e me desejou feliz Natal.

(texto ainda não terminado, ou já terminado, não sei)
 

Fim de semana

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
O autor tem passado por tempos reflexivos.
O meu período sabático.
Ou, para alguns, férias.
 

I'm back

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Eu sou um baseado
 

Prólogo

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
“…...” São os nomes dos atores/atrizes do elenco

(O público entra, senta e espera. Passado um tempo para causar certo incômodo, ouvem-se barulhos seguidos de murmúrio agitados nas coxias. Um ator entra no palco. Traz consigo sua mochila com figurino e objetos de cena e sua maleta de maquiagem)

Ator – Desculpem-nos pelo atraso. Nosso ônibus se perdeu na estrada. Os outros estão agora no camarim se aprontando. Como eles ainda vão demorar nisso e eu só entro lá pelo fim, me mandaram aqui para entretê-los. (larga suas coisas no palco. Via na coxia, pega um banco e uma cadeira. Começa a se arrumar, ação esta que se estende por toda fala.)
Hoje apresentaremos aqui o espetáculo “Um, nenhum, cem mil”, baseado no romance de mesmo nome de Luigi Pirandello. A obra foi indicação do nosso diretor porque queríamos falar de mudanças de referenciais, seja lá o que esse tema for, mas, para mim, a Cia se juntou mesmo por amizade. O ..... que era amigo de ….... , que já namorou a …. . Aí a gente se juntou. A peça fala de um homem que descobre que cada pessoa o enxerga de uma maneira... Pontos de vista!... E que ele nunca pode saber como é que é visto pelos outros, por fora, assim. (Pausa). To entregando a peça... Ok, vou falar para vocês então um trecho do Fernando Pessoa que muito me encantou durante o processo...

(A fala lhe é difícil. Ele demora um pouco pra começar, fica nervoso, titubeia. Por fim, com muito esforço consegue falar tudo)

“Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.”

Não? Vocês estão com uma cara nada boa. Talvez eu devesse fazer vocês rirem. Geralmente, esses prólogos para distrair o público devem ser feitos por um ator bom em “stand-up comedy”... Não sou muito bom nisso, aliás, nunca me achei um bom ator. Na minha cia eu geralmente entro nos 20 minutos de peça, volto nos 40. e fico ajudando o restante do pessoal nas coxias. Não que isso seja ruim, mas o é quando “te mandam” fazê-lo. Não ter opção é uma merda porque você acaba topando tudo que aparece. Como essa peça, por exemplo. Queria mesmo era fazer um espetáculo sobre o voo das borboletas, mas o elenco achou besta, o diretor riu de mim e minha namorada me largou. (Ele já está pronto. Encara o público por uns instantes. Pega suas coisas e sai pelo lado oposto que entrou. Nessa noite, o elenco representa a peça sem ele)
 

Como diria Roberto Mallet

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
"Nem tudo que passa na sua cabeça é uma idéia"
 

"Não se pode fumar dentro do ônibus e se quiser fumar maconha, use o banheiro"

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Enquanto a Cia de Teatro Acidental viajava para uma apresentação, essa foi a orientação dada (seguida de risos) pelo... orientador da viagem.
Quando passavamos por alguma cidade no meio da estrada, nosso bom moço cruzou o corredor em direção ao banheiro. O Chico, que estava nas poltronas ao lado, foi o primeiro a notar que o odor de urina, pinho, naftalina e componentes que deixariam a indústria química orgulhosa, rapidamente mudava para o da citada erva. Depois dele, nós, um pouco a frente, e os mais adiante, até que todos os acordados mostrassem, com suas cabecinhas erguidas, a sua reação.
Protestos de um lado, compreensão de outro; uns diziam que deveríamos falar com ele. Minutos depois, ele saiu, passou por nós e voltou para a cabine com o motorista.
Foi a Pâm quem recordou a todos que talvez ele falasse sério quando deu a orientação sobre o fumar e que para muitos outros grupos aquela indicação era muito bem vinda. "Nós somos os ETs".
Eu a ouvi e voltei para minha conversa.
Hoje o episódio do ônibus voltou a minha cabeça.
Pensei naqueles amigos do ônibus que reagiram ao ato do rapaz, alguns fumantes também, mas todos meio bobos quando juntos de modo que todos acabam parecendo um bando de carolas. Sem falsos moralismos, apenas não somos a turminha da maconha, das viagens criativas com bala, ácido, e produtos que deixariam a indústria química orgulhosa. E senti saudade deles. Será que depois de sair da bolha universitária haverá a turma dos carolas?
 

O tão acanhado conteúdo

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Silêncio
Há mais de mês que sento diante da máquina de escrever e sou interrompido por alguém que fala, liga a televisão, música. Nesse tempo tembém tive muitos momentos nos quais me peguei com um assunto na cabeça que me fazia pular "é isso!", querer guardar na memória, mas o esquecia tão logo acabava o dia ou o prórprio pensamento. Há quem diga que tenho vivido mais e refletido menos, mas viver esse exercício da escrita é tanto quanto os meus outros viveres.
E agora cá estou eu falando sobre o não falar. O que me inquieta agora?
 

Pretensão davinciana (ou de esponja)

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Nas últimas semanas dei-me a aprender francês. Confesso que meu empenho não passou de ouvir algumas músicas no idioma e imprimir suas letras; planos para um dicionário... Nada muito concreto.
Também me tornei um leitor periódico de jornais, espectador de filmes europeus, debatedor do que acontece no mundo...
Nada muito profundo.

Meses atrás eu lia revistas de esportes, lutava por um bronzeado na praia. Comprei um óculos escuros, fiz um mês de academia e de natação. Minha fala era autoritária... Tolo.

Eu também tive um certo gosto por roupas diferentes, peguei gosto por pamonha e tentei, juro que tentei, aprender música.

Quando eu era pequeno, terminava todas as palavras que o Serginho falava. Os outros garotos me apelidaram de “Sombra” e eu odiei isso. Hoje, adoraria.

Quero ler, quero dançar, ser herói, forte, massagista, entender de astronomia, carro, computador, história...

Deus me livre das más companhias!
 

danças e andanças 2

Categoria: escrito por chico
Um vídeo um tanto piada interna da Minhoca na Goiaba (Nova Onda do Imperador). hehehehehe




E pra conhecerem.
Essa é a "cafeteria" onde eu almoço todo dia. Praticamente um bandejão, mas sem a paquera rolando solta. Hehehehehe



E olha os chuveiros do vestiário!!!
MUITO BOM, quente e tudo mais. Ê conforto .



beijos e abraços!
 

danças e andanças 1

Categoria: escrito por chico
primeiro post da viagem. ainda em terras brasileiras, hoje pego um ônibus pra São Paulo. E amanhã o avião.
Munido de câmera e computador, vai dar pra fazer contato.

Em breve mais capítulos da saga. =P
 

Nós que aqui estamos

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
"Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!”

Friedrich Nietzsche

“sou do tempo em que a mônica não beijava o cebolinha,em que a madonna não conhecia a cabala,em que assembleia tinha acento,em que havia os famigerados cigarrinhospoliticamenteincorretos de chocolate.bons tempos...”

Laura Lima

Há cerca de um mês tive que escrever um texto sobre Laura Lima. Mas estava criando um texto muito mórbido, tentando abarcar a saudade que o mundo talvez sentisse dela e de todas as pessoas que partiram. Mas não dá para eu falar dela assim, a não ser que seja um humor mórbido como eu tenho e ela teve até o momento de sua morte. Decidi então falar de Laura por Du.
Para mim a Laura foi uma grande piada que eu talvez pare de rir daqui alguns anos quando for maduro o suficiente para não fazer piada a respeito de tudo. Eu e ela ríamos de tudo. Por isso nos aproximamos embora fossemos pessoas tão distintas. Nunca fomos grandes amigos, nunca soube nada muito profundo a seu respeito e nunca vivemos muitos momentos juntos.
O que vai ficar dessa menina é uma parcerági que rendeu muitas paródias, piadas, conversas e indicações de literatura, cinema e televisão. É difícil encontrar alguém que não goste de “Chaves” hoje em dia e essas pessoas estão morrendo, mais difícil é encontrar alguém que goste de “Heroes”. Essas estão desistindo.
Também não posso deixar de citar que, às vezes, ela me dava medo. Não só porque fiz um filme de terror com ela, experiência assustadora para mim tanto após a sua morte como no momento em que, durante as gravações ela se machucou de tal maneira que seu sangue saía, saía sem parar e eu, pelo contrário, não conseguia me mover. Ela me dava medo porque era mulher frágil/forte, que embora risse de tudo, fechava a cara quando se dizia algo sobre aquilo que aqui chamarei de sua freakisse, demonstrando que existe sim um limite para qualquer humor. O que era essa coisa tão grave que tirava a risada da Laura e me assustava tanto eu nunca procurei saber direito e creio que ninguém o sabe muito.
A Laura me fez pensar no quanto a nossa existência é frágil, e agora, enquanto escrevo, me fez perceber sem grandes epifanias, o quanto é bela. Não conheci uma Laura muito séria ou medrosa. Alguns o fizeram com certeza e talvez essa parte do texto caiba a eles. Eu fiquei com as piadas e com a dúvida de quando é certo parar de rir sobre algo. Essa é a responsabilidade do bobo.
Olho para nossos amigos, todos aqui, comigo, enquanto ela, do lado de lá, seja onde esse lado for, nos espera. Quem ficou aqui? Qual a marca que ela deixou na vida de cada um? Como seriam seus textos? E penso também no quanto a Laura é hoje uma lembrança tão intangível como muitos de nós seremos uns para os outros daqui alguns anos. O que fazer com essa coisa tão incompreensível que é a partida?
Então, olho para os lados e sorrio feliz de ter passado três anos ao lado dela e agora selecionar as lembranças boas. Dela que não é nem nunca foi anjo, mas um ser humano da melhor espécie, com todas as suas idiossincrasias, vicissitudes, vícios, virtudes e tudo o que mais tinha direito.
O resto, é natural, a gente esquece.
 

Reflexões à meia noite

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Frase
Certa vez, um amigo disse que sua tese de mestrado seria sobre a relação servil estabelecida no Brasil entre empregadas domésticas e suas empregadoras. Deixando para ele a tese e ficando comigo o efeito da frase, naquele dia entendi porque nunca me senti bem sendo servido.


A eficiência empresarial em minha vida na arte
Ser - Verbo intransitivo.
Assim Mário de Andrade colocou o Amar e assim, numa conversa entre amigos, colocamos como deveria ser nossa postura ante o mundo. Conversa na qual eu, de lápis em punho, registrei meus pensamentos e transcrevo aqui inventado.
Eu, se me digo ator, isso devo ser e fazer bem.
E as minhas responsabilidades no ser ator são dentre muitas: Entender meus textos e ir a meus ensaios. No processo, mais 12 ou 13 dependem da minha participação ativa.
Nadar é tão mais fácil.
Deve ser porque eu não vivo de nadar. Não sou peixe, baleia ou golfinho.
Mas sou homem que se definiu homem e se definiu ator.
Me irrita um pouco ter que ser muitas coisas.
Mas é muito bom pensar que é no ser alguma coisa e no querer que eu posso ser feliz.
Poque me fiz assim.
No final, fico feliz em ser algo.
Fico com o transitivo.
O transitório.
O hinduísmo que me desculpe.

 

Beijo

Categoria: , escrito por Eduardo Bordinhon
Determinar uma relação é algo engraçado.
O que pode dizer que você esteve, ficou, amou, namorou alguém?

I

A amei numa sala de cinema lotada enquanto víamos Fernanda Montenegro em cena. Passamos as duas horas de projeção apenas de mãos dadas e mais nada. No fim nos despedimos com um abraço e cada um foi para sua casa. Depois nos ligamos e nos vimos algumas vezes.

Passei com ela toda uma noite conversando, rimos, fomos conversar em um local mais reservado, voltamos. Nos despedimos com um leve toque entre nossos lábios.

Sempre nos despedimos com um beijo na bochecha muito próximo dos lábios.

Nos despedimos com apelidos carinhosos que usávamos durante o tempo no qual namoramos....

Nunca soubemos precisamente o tempo em que passamos juntos. Mas nos conhecemos sexualmente muito bem por 4 anos.

...
 

Sonhos que podemos ter

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
O filho do empregado sempre teve muitas coisas que não podia. E não me refiro às três Playboys que manteve escondidas sob suas gavetas durante uns 5 anos da adolescência. São objetos, bens, experiências que, mesmo fora do seu alcance financeiro, ele pôde ter.

Talvez por alguma habilidade, simpatia, cara de cachorro sem dono, não sei; por algum mérito particular alcançou muita coisa que um filho de empregado não alcançaria. Talvez pela educação e cordialidade sabiamente investida pelos pais sobre ele e a convivência com amiguinhos mais ricos, comeu seu primeiro e muitos Kinder Ovos, Big Mac Lanches Felizes, foi ao Parquinho, ganhou um boné imbecil através patrocínio alheio.

Quando se tornou adolescente, o filho do empregado deixou de ser a criancinha que se leva pra passear e quando se tornou mais velho ainda, ele passou para alguém de quem se quer apenas notícias.

E as notícias são: Ele cresceu desacostumado a ir no caixa do Mac Donalds, a consumir qualquer coisa num barzinho e aprendeu a pedir a mesma coisa que aquele quem paga a conta do jantar. Para as mães de seus amigos, virou um garoto simpático, amável, de uma timidez de quem some no meio da casa alheia. Aprendeu a andar a passos leves. O filho do empregado deve passar desapercebido.

E, talvez por essa timidez cordial, ele era querido por seus amigos, que, agora não mais sobre dependência tão direta dos pais, passaram a ser os seus mecenas. Assim, o filho do empregado conheceu o mundo, teve um tênis com luzinha que pisca e passou a se questionar se os amigos lhe compravam os doces que vendia para ajudá-lo, ou se ele era tão bom comerciante que seus amigos compravam muito do que ele vendia.

Começou a pensar que conhecer os jardins suspensos da babilônia talvez não fosse tão bom quanto poder conhecer o jardim de casa quando se pode ir apenas até o jardim de casa. É melhor aquilo que temos ou o que podemos ter?

Ele não soube responder.
 

De como fiquei gripado

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
O vendaval veio trazendo uma parede marrom que encobriu o céu azul de meio-dia da segunda-feira. Galhos se retorceram e alguns vários quebraram, vindo ao chão, assim como as pessoas mais fracas. Sacis presentes onde o vento encontrava obstáculo brincavam com as folhas e todas as roupas no varal correram para longe com medo do que viria em seguida. De repente o ar se tornou muito seco e alguns logo imaginaram que não podia se tratar de chuva. Mas logo a situação se inverteu e aqueles que ficaram dentro das salas puderam constatar pela queda da temperatura o quê os que estavam lá fora a observar já sabiam: Era um temporal que vinha, trazendo um inverno precoce, provocando ataques de rinite nos que, naquela noite, tiraram às pressas os cobertores dos armários.
Horas depois, com todos a improvisar casacos, um tempo para averiguar um estrago aqui, outro ali. Muitos passaram frio até chegar em casa, abrindo caminho por folhas, jornais, lama, lixo. No seu caminho, os outros, também ocupados em desviar dos obstáculos, exibiam corpos rígidos naquele tempo ruim. Ora! O Brasil não foi feito pra passar frio!
E eu fiquei a espirrar. Demorei a perceber que o frio era digno de um casaco ou dois e insisti em pedalar minha caloi até a faculdade o que provocou camisetas molhadas. No frio, camisetas molhadas não são um boa pedida. Agora estou aqui sob meus cuidados, de alguns amigos, quase caindo... Nessa minha luta contra o frio....
Detesto aquela segunda-feira.
 

Cereja (texto incompleto)

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
I

Cherry era seu nome, assim como o batom que ela disse estar usando. O perfume me recordava adolescência e essa também era a impressão toda que ela me passava, embora seus traços já marcassem a mulher que ela viria a ser. O cheiro me atraiu para perto do braço do sofá e deixei, pela primeira vez, minhas intenções claras para com uma mulher. Ela entendeu o jogo, me deu as costas com um sorriso, melindrosa, quase infantil. Passei as mãos nas suas costas que ora me aceitavam, ora me repeliam.
Num ímpeto me levantei, puxei seu corpo que desvencilhava contendo a vontade de bater em mim e por três ou quatro vezes quase consegui beijá-la, sendo bem sucedido na quinta. Soltei seus braços e ela caiu no sofá, pernas tortas, batom borrado e olhar furioso. Havia mentido, seu batom nada tinha de cereja e talvez esse nem fosse seu nome.
Saí e a deixei.
Na rua, contei os passos até meu apartamento.

II

Lavei meus lençóis duas ou três vezes com a finalidade de tirar o cheiro da criança, mas isso só serivu para desgastá-lo. Concluí que o problema estava no colchão, o que me fez aceitar conviver por mais alguns dias com Cherry. Já fazia duas semanas que não nos relacionávamos mais além de um cordial bom dia com um beijo desencaixado na bochecha, algo que me revirava as entranhas e ligava a vontade que tive em nosso primeiro encontro. E por mais que evitasse frequentar (para o bem mútuo) nossos lugares em comum, alguns eram inevitáveis e confesso que os fazia assim. Meu comportamento permaneceu, a vista de todos, inalterado, mas sabia que naquela menina havia algo não antes acessado. Ou não acessado a tempos. Para o bem ou para o mal. E enquanto deixava o tempo passar, mal sabia que aquilo era o que mais tarde denominei amor a homônios.







 

06/07/08

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Mel, cuecas, camiseta, sapatênis, linhaça, quase um celular... Essa era sua lista de presentes ganhos em seu último aniversário no 06 de abril.
Fora isso, duas festas surpresa: uma com os amigos da faculdade e outra com os amigos da casa onde morava. A primeira, mais opulenta, com muito suco (na época não bebia refrigerantes ou alcoólatras), salada, salgadinhos e um bolo muito bom, devidamente agradecidos e devorados por ele durante a festa.
Eram as únicas festas que teve nos seus quatro anos de universidade. A do primeiro ano ele desconsiderava porque não era amigo de nenhum dos presentes e eles estavam reunidos apenas como colegas com uma desculpa de comerem juntos. As duas seguintes caíram em feriados e só lhe sobrava aquela última, numa segunda-feira, para comemorar com quem queria.
A sensação quando viu os primeiros amigos surgindo de onde se escondiam, depois de desarmarem sua desconfiança por não fazerem o clássico "o aniversariante entra a já descobre a festa" foi incrível. Talvez as fotos tiradas por uma amiga explicassem melhor o que se passou com ele durante aquele minuto no qual se cantou "Pais e Filhos" da Legião Urbana no lugar do clássico "Parabéns a você", cantado logo em seguida para que se mantivesse a tradição.
A vela, um número 2, muito aprovada por ele que dizia "já que é 22 anos, porque gastar com duas velas? Borrando os olhos eu consigo ver até 222 se quiser", foi colocada sobre um bolo de Páscoa e devidamente apagada com o pedido de praxe. Depois disso, cumprimentar um por um, ver quem veio, descobrir os porquês de quem não veio e sentir sua falta.
Queria um número de pessoas x+1. Mas assim o foi, a festa se seguiu e ele se soltou mais do que de costume, permitindo uma abertura sem precedentes para aqueles que estavam ali. Era como se seis de abril fosse seu carnaval fora de época.
Nunca soube como lidar com a data. Há quem diga que ele não gosta de comemorar o aniversário, mas esse desgosto é só para algumas mulheres com mais de 40 anos. Ele gostava e ainda gosta, mas omite a data porque dá a ela um valor importantíssimo. Só os queridos se recordam, com os devidos perdões para a galera do Alzheimer. Queria que esse último 06 fosse especial, fosse definitivamente o seu dia. O seu último dia com os amigos.
Durante a festa olhou para os que estavam ali e se perguntou quem estaria com ele no próximo ano. Com quem ele gostaria de estar e quando e onde. Na hora de responder o porque confessou não saber. Se sentiu um pouco sozinho, balançou a cabeça e voltou a dançar. A festa durou mais umas duas horas e, como ele gosta, acabou cedo para que o dia sete corresse bem. Foi dormir um pouco depois disso.
O dia sete chegou e não era mais seu dia; este agora se encontrava perto e longe. Olhou para sua mesinha onde podia ver a camiseta e o cartão que veio com o mel. O sapato estava do outro lado, ao pé da cama. Se arrumou, olhou no espelho as olheiras. Não encontrou rugas, mas a entrada no cabelo tornava-se cada vez mais difícil de esconder. Na saída de casa, o olhar topou com alguns amigos, alguns colegas, e saiu.
 

Uma peça

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
BRRRRRRRRRRRRR
TRRRRRRRRRRRRRR
Smack!
Mo mimi momo mimi momo...

Merda!

Clap clap clap clap!
Preto para fora
Clap Clap clap clap!
 

"Porque se sujar faz bem"

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Talvez eu devesse ler Sade antes de escrever isso. Portanto vou considerar aqui um rascunho e daqui um ano, mais ou menos, quando acredito que terei lido o dito cujo, farei a "versão definitiva e estendida" do meu texto.
Minha reflexão começou em um ônibus de excursão quando um de meus amigos disse que os médicos indicam o uso de camisinha para quem vai enfiar o dedo no cu, porque pode-se sujar as unhas e causar (ambigüidade) uma infecção no dedo ou aonde este tenha ido depois da atividade. O público ao redor reagiu com risos, em sua maioria por crer que colocar uma camisinha no dedo é estranho e não pelo que rege o bom costume social de achar que enfiar o dedo no cu não é certo.
Tirando o cu da reta e deixando ele de lado ou, sei lá, englobando ele numa discussão mais ampla, e deixando claro que apoio e pratico o sexo seguro, comecei a pensar no quanto sexo é sujo. Vamos aos fatos: Duas pessoas que, se já não estavam suadas, suarão dentro de instantes, começam a se beijar, lamber, morder, etc. Imagine o quanto somente de pele, cabelos e pelos sabe se lá de onde são engolidos ou, no mínimo, passam pela mucosa bucal. E tem gente que tem nojo de dividir copo! E então, suas mãos passam por muitas partes do corpo do outro e pelo seu e em casos menos ortodoxos, do outro, da outra, da outra... Pra não falar nas noites em que ambos chegam em casa e vão pra cama depois de um dia inteiro de trabalho. Vai saber por onde tudo isso passou o dia!
E, mesmo assim, continuamos a fazê-lo, enfiando ou deixando enfiar, com detalhes ainda mais sort(d)idos que eu, no pouco dos meus 21 anos, desconheço, e achamos muito bom e assim caminhamos a diante. É claro que os mais conservadores dirão que escolhem bem onde colocam a boca, mas a verdade é que, no fim, colocam.
E isso não é ruim. Porque, embora quando pequeno a mãe tenha dito "não coma terra" ou "não fique andando descalço no chão sujo" a maioria, ainda bem, comeu e andou. E nossos queridos ancestrais fizeram o mesmo (tanto no comer terra, como no comer cu), e ficamos nós aqui, parcialmente imunes a muita coisa.
É claro que quanto mais limpinho puder ser, melhor; mas, para que a coisa aconteça de fato é preciso no mínimo não ter medo de se sujar. É como o rapaz que vai ao churrasco com roupa nova e não quer nem chegar perto da piscina. Ele esteve lá, mas não aproveitou tudo.
Então, fica a querida frase do sabão em pó como título desse texto, nesse blog que é como quase todo ser humano. Piegas, confuso, bonitinho e sexual; afinal é feito de ossos, ligamentos e, o mais importante, carne.
 

de Moraes

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Eu não fui o primeiro nem serei o último-único a me encantar com Vinícius de Moraes. Mas confesso que senti uma ponta de ciúmes quando minha amiga que me apresentou o autor me disse que todos aqueles que leram uma poesia "foram atrás do livro". Pelo menos agora, queria pensar que aquele universo era só meu e a entrada era permitida apenas a meus convidados.
Que tolice a minha! Depois de alguns convites, em sua maioria recusados ou aceitos com um interesse formal, comecei a pensar na coisa boa que era o mundo não precisar de meus dons publicitários para divulgar o autor. Obviamente, minha amiga mostrou aquele livro a muitas pessoas, e algumas, como eu, foram atrás. Eu não considerei a possibilidade metafórica(?) de sua frase. Então, voltei a leitura, feliz com minhas descobertas, ou com meu egoísmo satisfeito, não sei, esperando, talvez, a hora de compartilhar.
 

Não escritas

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Cartas.
Foi se o tempo em que se esperava as de alguém. Hoje em dia os torpedos, scraps, e, para os casos mais profundos, e-mails, são o que se espera. Não há problema algum na existência desses, mas confesso um certo saudosismo, mais por que criei, do que pelo que de fato me recordo. Não se espera mais a visita do carteiro, seja na porta ou por intermédio da caixa.
Tempos atrás, meninas colecionavam envelopes quando crianças e cartas de amor quando moças. Ainda há cartas de amor, mas hoje elas dificilmente passam pela Empresa de Correios e Telégrafos do Brasil, vão direto das mãos para as outas. Ou não; ficam guardadas e nunca são lidas.
A materialidade do papel.
Não se fala em e-mail de amor.
Talvez porque ainda seja estranho pensar em palavras tão importantes na tela de um computador.
Mas, é claro, fica aqui a exceção para os e-mails de amor que são mandados quando a declaração, seja ela de qualquer ordem, é urgente. Algumas coisas não esperam os cerca de 3 dias de prazo de entrega.
E pela velha caixa de correio... Bem, por ela hoje entram em sua maioria cartas esperadas, mas não aguardadas. Não queridas. Contas, propagandas, contas e... ah tá, o aviso de corte de luz.
De amiga, caixa de correio virou depósito de lixo.
E nossas caixas de e-mails, cada vez mais seguras anti spam.
"Mr. Postman, look and see if there's a letter in the bag for me"
 

Kadu

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon

Hoje fui vizitar meu eterno diretor e grande amigo Kadu Veríssimo. Tenho que dizer que uma boa parte do que gosto de fazer em teatro vem porque foi com as influências dele que eu comecei a trabalhar aqui.
O Kadu é ator, diretor, dramaturgo, cenógrafo, figurinista e arranha no acordeon!
E eu sou um fã de seus quadros.
Por isso esse post, pra divulgar os quadros dele!
Enfim

Ah! para conhecer mais do seu trabalho, o flickr dele é http://www.flickr.com/photos/kaduverissimo/
 

Kriptonita

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
É MUITO RUIM FICAR DOENTE!!!!!

Eu sempre fico me perguntando o que o Homem Aranha faz quando está doente? Como salvar a vizinhança se você tem dores no corpo, uma virose, um olho inchado?

Como continuar a treinar pra ser o Super Homem?
Bem, ele não sofre com isso, nem com coriza ele fica.

E eu aqui, na minha bat caverna, impossibilitado de sair pra luz do dia.

Humpf!
 

Era uma vez um verão

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Esse tem sido o melhor verão da minha vida....

Pelo menos que eu me lembre...

E eu tenho uma memória boa.
 

No country for old men

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Tentarei ser o menos falso moralista possível, mas acredito que as chances de cair nisso são grandes.

Por muito fui educado a ser um garoto correto. Acho que toda criança é mais ou menos assim. O que meus pais não sabiam é que eu levaria tão a sério essa educação. Então eis me aqui; tímido, excessivamente "saudável", quase vigoréxico. Não fumo, não bebo e não frequento baladas. Tudo bem que a parte da saúde me faz um bem danado. As últimas doenças que tive pouco me afetaram e duraram poucos dias. Sigo o exemplo de Lance Armstrong. Conhecem ele?
Para os meus amigos meu espírito é velho, e alguns mais tolos chegam a dizer que eu não aproveito a vida. Me digam eles o que é "não aproveitar a vida". Meus netos além de ter muito o que ouvir, terão muito de mim. E se eu morrer antes disso, pode se dizer que a máquina funcionou bem enquanto durou e foi feliz.
Assim eu sigo o tempo que me é dado na terra.
E se sou por muitas vezes certinho demais, chato, carola... sinto muito; esse sou eu e concordo contigo que eu sou o diferente no mundo. Não melhor nem pior. Apenas diferente. E se eu tenho aversão a esse mundo em que vivemos hoje, no qual as regras que usamos pra viver estão deturpadas e facilmente as rompemos pra depois nos arrepender, digo que prefiro o meu tempo, por mais que ele nunca tenha existido, embora esteja dentro de cada um.
 

Depoimentos que escrevi

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Hoje, eu queria falar alguma coisa com você. Nada específico, só "alguma coisa". Acho que é pelo modo que eu me sinto criança quando estou com você, que eu acho que é devido ao seu cheiro de bebê, não sei. Crescer dói demais e o mundo dos adultos é um lugar que eu resito em entrar, o que muitas vezes me faz enfiar a cara no travesseiro, que nem quando eu era pequeno e não quis ir à escola achando que assim meus pais não me encontrariam. Agora faço isso novamente com a mesma vã esperança.
 

Crachás

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
O título já diz.


Ontem fui ao aquário conhecer o escritor de livros infantis Fábio Yabu. Yabu é o criador dos personagens do desenho animado "Princesas do Mar" que passa todas as manhãs no Discovery Kids. Santista de 2o e poucos anos, me recebeu muito bem, conversamos um pouco, depois presenciei ele recebendo as crianças, dando autógrafos. Bastante inspirador.


Mas, os "crachás", logo, o foco dessa reflexão, são porque ontem eu tive que pedir informação na porta do aquário, onde todo mundo usava crachá. Pra chegar até o Yabu, tive que passar por umas 4 pessoas, todas devidamente identificadas para quem eu pude dizer "Obrigado Carolina" entre outros nomes. Até um rapaz que já fez uma peça comingo eu encontrei trabalhando por lá. Não me lembreva do nome dele, mas... tadá... ele estava com o crachá.
Quando trabalhei por dois meses na Disney era assim, e todos sabiam nossos nomes.
Se todo mundo usasse crachá na vida, acho que o mundo seria mais cordial e eu menos tímido. As pessoas diriam "Bom dia Antônio", Olá André, você sabe ode fica a rua tal?" "Geraldo, isso é um assalto, fica quietinho e passa a grana"...
Viva a identificação.
 

Meu tempo sob o sol

Categoria: , escrito por Eduardo Bordinhon
A Praia do Tombo, no Guarujá, é um universo.
De 26 de dezembro até hoje, dois dias de chuva, mais uns dois de céu encoberto. E nos dias de sol a presença de meu amigo. Diferente da maioria das pessoas, meu amigo e seu irmão (e eu, por osmose) praticam a peculiar atividade de chegar na praia e caminhar. Caminhar o tempo todo, por isso a peculiaridade. Com seus 2 quilômentros aproximadamente, não leva muito tempo pra você dar uma volta na praia. Nós fazemos isso incontáveis vezes porque ficamos 5 horas na praia, andando, parando um pouquinho em pé, andando. Há quem diga que isso é curioso e chama atenção. "Lá vem eles de novo", já foi algo que chegaram a dizer.
Me retirando um pouco de cena, e colocando uma câmera de documentador sobre meu ombro observo a rotina desses dois irmãos. Os dois, altos, um sendo uma parede de músculos, porém sem beleza alguma no rosto que o destaque. O mais novo é menos forte, mas isso não faz muita diferença, e com um rosto até bonitinho, mais alto, olhos e cabelos claros. Caminham pra cima e pra baixo, olham um grupo de mulheres aqui, outro acolá. Param, chamam. São parados e chamados.
Geralmente eu evito andar na companhia dos dois juntos. É uma dupla de homens parecidos procurando por uma dupla de mulheres parecidas. O tipo de mulher que não olharia pra mim e que pra mim fica a contento só o olhar.
Ontem, caminhei na praia com meu amigo, atividade que realizamos juntos há uns 4 anos, quando éramos mais novos e mais magros. Porém uma coisa estava muito diferente de anos atrás. Agora meu amigo era o destaque da praia. Andar com ele por lá era deixar a auto estima em casa e caminhar. Muita gente olhava pra ele; de garotinhas púberes a mães de família. E eu ali, o documentador. Tão assistente que chegamos ao cúmulo de sermos abordados por duas garotas que pediram pra tirar uma foto com ele. Primeiro com cada uma, depois as duas juntas, sendo eu o fotógrafo. Quando elas se foram, perguntei se as conhecia. Ele me disse que não e eu dei uma gargalhada do surreal da situação. Elas não eram bonitas. Acho que queriam levar um cartão postal da cidade e ele foi escolhido como ponto turístico.
Voltamos a caminhar e conversar. Meninas aqui, outras acolá. Caminhamos mais umas infinitas vezes e continuaremos caminhando. Talvez hoje não porque está nublado. Terça com certeza. Eu com minha câmera invisível, documentando, rindo, ficando calado. O verão é a época mais engraçada do ano.
 

"A verdade é que eu minto..."

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Recentemente escutei, acompanhando com a letra, a música "Depois do prazer" do saudoso grupo de sucesso nos anos 90, "Só pra Contrariar", o SPC do Alexandre Pires, que namorou a Sheila Mello, ex-dançarina do grupo "É o Tchan", que tinha entre seus integrantes o Jacaré, que hoje trabalha no programa "Turma do Didi" e é companheiro de cena do ex-cantor Marcelo Augusto. E fiquei chocado. Vocês sabiam que a premissa "Tô fazendo amor com outra pessoa..." é uma mentira!? Em determinado trecho da música, cantado de maneira mais rápida, o eu lírico nos revela, muito sagazmente que "A verdade é que eu minto, que eu vivo sozinho, não sei te esquecer", ou seja, ele não esta fazendo amor com outra pessoa! E muito menos "tanta solidão" quase o enlouqueceu. É a sua musa que ele ainda ama. E tudo culpa do amante. O Alexandre, como eu.
 

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Eu acho bonito ver meninas dormindo.
Cabelo caído, lábios entreabertos, ás vezes uma postura de pata, desegonçadíssima em um colchão.
Certínhas, tortas, encolhidas de frio. Semicobertas.
Seminuas, por que não?
 

O fundo

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
É estranha nossa relação.

Minha casa é pequena, fica onde eu chamo de buraco.
Nela, tenho uma rotina que me salva do acaso.
Quando alguém vem me visitar, a gente se aperta e dá tudo certo.
Não me faça ser o guia turístico que vai te levar pra conhecer o arredor.
Conheçamos juntos, mesmo que esse lugare, ás vezes, seja no meu quarto.
Eu prefiro quando é assim.
Porque não me importa a rotina quebrada,
Mas me incomoda te fazer sala, a casa é sua, o resto da cidade também.
Conheçamos as coisas juntos.
E aí, quando você vai embora,
Fico, um dia ou dois, triste, me sentindo sozinho.
E a minha rotina me salva desse acaso ruim.
Minha casa é pequena, fica onde eu chamo de buraco.
 

Para limpar uma coisa é preciso sujar outra

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Uma constatação rápida.

"- Alguém pode lavar esse pano?
- Lavar o que?
- O pano, quando voce limpa um coisa o pano fica sujo, aí precisa lavar..."

E assim são com todas as coisas da vida...