Não escritas

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Cartas.
Foi se o tempo em que se esperava as de alguém. Hoje em dia os torpedos, scraps, e, para os casos mais profundos, e-mails, são o que se espera. Não há problema algum na existência desses, mas confesso um certo saudosismo, mais por que criei, do que pelo que de fato me recordo. Não se espera mais a visita do carteiro, seja na porta ou por intermédio da caixa.
Tempos atrás, meninas colecionavam envelopes quando crianças e cartas de amor quando moças. Ainda há cartas de amor, mas hoje elas dificilmente passam pela Empresa de Correios e Telégrafos do Brasil, vão direto das mãos para as outas. Ou não; ficam guardadas e nunca são lidas.
A materialidade do papel.
Não se fala em e-mail de amor.
Talvez porque ainda seja estranho pensar em palavras tão importantes na tela de um computador.
Mas, é claro, fica aqui a exceção para os e-mails de amor que são mandados quando a declaração, seja ela de qualquer ordem, é urgente. Algumas coisas não esperam os cerca de 3 dias de prazo de entrega.
E pela velha caixa de correio... Bem, por ela hoje entram em sua maioria cartas esperadas, mas não aguardadas. Não queridas. Contas, propagandas, contas e... ah tá, o aviso de corte de luz.
De amiga, caixa de correio virou depósito de lixo.
E nossas caixas de e-mails, cada vez mais seguras anti spam.
"Mr. Postman, look and see if there's a letter in the bag for me"
 

2 comments so far.

  1. rayuela 12 de fevereiro de 2009 às 18:39
    E-mails de amor existem e são bonitos.
    O mais legal é que não desperdiça papel, não cansa a mão e chegam rápido.

    Eu adoro receber e-mail escrito de verdade, que não seja spam ou e-mail coletivo ou programação cultural. Não sinto falta do envelope, pra mim importa é o que tem dentro.

    :)
  2. ALESSA PASSOS 23 de abril de 2009 às 21:24
    tenho cartas guardadas.
    Talvez signifique que o mundo ainda tem romantismo em sua essência.

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