Nós que aqui estamos

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
"Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!”

Friedrich Nietzsche

“sou do tempo em que a mônica não beijava o cebolinha,em que a madonna não conhecia a cabala,em que assembleia tinha acento,em que havia os famigerados cigarrinhospoliticamenteincorretos de chocolate.bons tempos...”

Laura Lima

Há cerca de um mês tive que escrever um texto sobre Laura Lima. Mas estava criando um texto muito mórbido, tentando abarcar a saudade que o mundo talvez sentisse dela e de todas as pessoas que partiram. Mas não dá para eu falar dela assim, a não ser que seja um humor mórbido como eu tenho e ela teve até o momento de sua morte. Decidi então falar de Laura por Du.
Para mim a Laura foi uma grande piada que eu talvez pare de rir daqui alguns anos quando for maduro o suficiente para não fazer piada a respeito de tudo. Eu e ela ríamos de tudo. Por isso nos aproximamos embora fossemos pessoas tão distintas. Nunca fomos grandes amigos, nunca soube nada muito profundo a seu respeito e nunca vivemos muitos momentos juntos.
O que vai ficar dessa menina é uma parcerági que rendeu muitas paródias, piadas, conversas e indicações de literatura, cinema e televisão. É difícil encontrar alguém que não goste de “Chaves” hoje em dia e essas pessoas estão morrendo, mais difícil é encontrar alguém que goste de “Heroes”. Essas estão desistindo.
Também não posso deixar de citar que, às vezes, ela me dava medo. Não só porque fiz um filme de terror com ela, experiência assustadora para mim tanto após a sua morte como no momento em que, durante as gravações ela se machucou de tal maneira que seu sangue saía, saía sem parar e eu, pelo contrário, não conseguia me mover. Ela me dava medo porque era mulher frágil/forte, que embora risse de tudo, fechava a cara quando se dizia algo sobre aquilo que aqui chamarei de sua freakisse, demonstrando que existe sim um limite para qualquer humor. O que era essa coisa tão grave que tirava a risada da Laura e me assustava tanto eu nunca procurei saber direito e creio que ninguém o sabe muito.
A Laura me fez pensar no quanto a nossa existência é frágil, e agora, enquanto escrevo, me fez perceber sem grandes epifanias, o quanto é bela. Não conheci uma Laura muito séria ou medrosa. Alguns o fizeram com certeza e talvez essa parte do texto caiba a eles. Eu fiquei com as piadas e com a dúvida de quando é certo parar de rir sobre algo. Essa é a responsabilidade do bobo.
Olho para nossos amigos, todos aqui, comigo, enquanto ela, do lado de lá, seja onde esse lado for, nos espera. Quem ficou aqui? Qual a marca que ela deixou na vida de cada um? Como seriam seus textos? E penso também no quanto a Laura é hoje uma lembrança tão intangível como muitos de nós seremos uns para os outros daqui alguns anos. O que fazer com essa coisa tão incompreensível que é a partida?
Então, olho para os lados e sorrio feliz de ter passado três anos ao lado dela e agora selecionar as lembranças boas. Dela que não é nem nunca foi anjo, mas um ser humano da melhor espécie, com todas as suas idiossincrasias, vicissitudes, vícios, virtudes e tudo o que mais tinha direito.
O resto, é natural, a gente esquece.
 

3 comments so far.

  1. Unknown 28 de junho de 2009 às 00:39
    Laura....nem fala!


    E, se te consola, eu odeio Chaves e gosto de Heroes, apesar não conseguir assistir tanto quanto gostaria.

    ...e acho que a característica que mais me faz gostar de você é exatamente essa sua capacidade de fazer piada de tudo.Não a perca tão já, tá bom?
  2. Unknown 9 de julho de 2009 às 01:14
    puts...vou tentar me expressar do jeito zink de ser..
    esse texto ta do caralho!
  3. Unknown 9 de julho de 2009 às 19:07
    beleza, já sei que nenhuma das duas é a zink... mas "mariana" não define nada!

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