06/04

escrito por Eduardo Bordinhon
ATENÇÃO: Este texto não foi escrito pelo autor deste blog - inclusive não foi nem ao menos escolhido por ele - e se trata por tanto de uma pequena transgressão virtual e o dono deste blog não pode ser responsabilizado por nenhuma sandice aqui postada.

Um Certo Alguém

A minha consciência se demora muito em apaixonar-se. Mas inconscientemente me interesso por pessoas em momentos específicos que duram segundos. E posteriormente sempre encontro algum sentido nesses momentos.

Os meus olhos só se demoraram mais por este certo alguém quando ele estava sujo, suado e cheirando a peixe. De fato, um retrato não muito sedutor. Mas nele estava impregnado algo muito presente tempos depois: dedicação, esforço.

As pessoas buscam definir sempre sua personalidade, para que se entendam melhor. Ele tem acima dessa preocupação a de ter uma personalidade sempre melhor, mesmo que custe o seu entendimento de si mesmo. E torna-se com isso cada dia mais encantador.





Sempre que viajava com a minha família, eu gostava de logo aprender os caminhos que levavam à praia, à cachoeira, à cidade etc.. Assim, podia seguir por eles quando e como quisesse, podia ditar o ritmo, o destino, a hora de ida e a hora de volta. Conhecer estes caminhos me tornava independente.

Ainda gosto de fazer minhas trilhas. Mas aprendi com o tempo que certos caminhos deve-se fazer acompanhado. E aprendi que a independência e a auto-suficiência humanas são tão reais quanto os efeitos da dieta da sopa.

A todo tempo tentamos definir qual é qualidade que nos difere (leia-se, nos torna superiores) aos outros animais. Racionalidade, linguagem, cultura etc.. Quanto mais se estuda, mais se vê que a diferença é muito mais quantitativa do que qualitativa. E, ainda que isso não seja um sinal de superioridade, nós somos os animais que nascemos com mais pobres recursos. Nós nascemos sem saber nada e precisando de proteção constante. E, embora nos desenvolvamos muito, nunca nos tornamos independentes de fato.

Talvez por isso que a solidão seja um problema tão recorrente nos temas humanos. Caminhamos cada vez mais veementemente para o individualismo e, no entanto, os efeitos colaterais da solidão geram mais e mais auto-ajudas em embalagens diversas.

Eu poderia falar muito sobre solidão. Aliás, tinha um projeto de texto que só tinha o título – “Só Lidar”. No entanto, o que eu queria contar não tem nada a ver com isso. Diz respeito ao meu aprendizado. Muito do que aprendi sobre solidão começou com um certo alguém que cruzou o meu caminho e mudou a direção.

Dizem que aprendemos muito com aqueles que são diferentes de nós. E eu concordo. Mas dessa vez aprendi com alguém que, no plano dos afetos e desafetos, está no mesmo lugar que eu. Às vezes é preciso encontrar alguém que possua um escudo tão grande quanto o seu para perceber que é preciso baixá-lo.

É uma dessas lições fáceis de entender e dificílimas de aplicar. Mas facilita quando você percebe que se você nunca apostar, você nunca vai ganhar na loteria. Aquelas que têm certeza que não vão ganhar têm toda a razão, afinal elas nunca apostam.

E então você começa a abrir mão de algumas coisas, ir para a praia em um horário que você nem queria tanto, ter que andar em ritmo talvez mais lento do que gostaria, voltar da cachoeira mais rápido, pegar uma atalho que você não queria.

Mas também descobre atalhos melhores, tem a segurança de que se você cair num buraco tem alguém que te tire de lá- ou pelo menos, que caia com você, além do que, como me revelei uma pessoa com péssima orientação espacial, não é mal ter alguém com quem se perder.

 

Antes que acabe de vez

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Hoje é aniversário da Lais.

O que eu tenho a dizer pra ela? "Muitas felicidades, muitos anos de vida." Mais nada. Conheço pouco da Lais, suas vontades, sonhos, desejos. Sei que quer ser arquiteta, mas não sei se seu nome leva acento. Há cinco anos eu teria dito "Eu a amo, quero que ela seja muito feliz ao meu lado, etc, etc, etc." Hoje eu não a amo. Outro o faz e ele sabe seus sonhos, desejos, vontades. Sabe o que ela precisa pra ser feliz. É não saber isso que limita os meus parabéns que sim, são sinceros, mas limitados. Lais, eu não posso desejar nada muito específico a você.
Desejo então a mim. Esse texto é meu presente de aniversário. Ela comemora, eu recebo e espero que ambos saiam ganhando um pouco de felicidade em suas vidas. Nada muito certo, felicidade genérica. A felicidade de alegriamol.
Deixando a felicidade de lado, pergunto? Quem somos eu e Lais hoje? Antes se amavam e hoje nutrem um carinho enorme. Vêem-se pouco, não tem como saber quem é o outro.






Distanciaram-se







E se falam, às vezes, conversas vagas, e, raras vezes, conversas profundas.
O que leva pessoas tão próximas, tão íntimas a se distanciarem? Distância, tempo, falta de convivência... Nós mesmos.
Somos os culpados de nossas distâncias que hoje parecem inalcançáveis.
Não há interurbano para nossas almas.

Hoje foi aniversário da Laís
Quem será o de amanhã?