2° Lugar

Categoria: escrito por Eduardo Bordinhon
Na minha 5ª série do antigo primário houve um concuso de poesia. Nunca gostei de concursos, competições e afins porque a probabilidade de perder é muito maior do que ganhar. E se não for pra ganhar nem tem graça competir.
Pois nos altos dos meus 11 anos eu escrevia umas histórinhas bobas, hoje guardadas em um caderno de capa verde no armário da casa dos meus pais. Minha professora sabia delas, meus amiginhos também e eles me incentivaram a escrever uma poesia. "Você é tão criativo".
Acontece que de poeta tenho pouco, mas de cara de pau, tinha o bastante. Suficiente para abrir o guarda-livros lá de casa e pegar um poema que achasse raro, desconhecido, o que para mim devia ser algum que não estivesse na minha apostila. Estava ali a minha criatividade.
Depois de um tempo encontrei em um antigo livro de português um poema grande, do qual a única frase que me recordo era "as pessoas escoram nas paredes". Transcrevi para uma folha de almaço e enviei.
No mês seguinte o resultado: Segundo lugar. O prêmio foi um livro e meu poema foi lido numa festa na escola. Pais, professores, diretoria e alunos presentes. E ninguém percebeu que era impossível que uma criança de 11 anos pudesse escrever aquilo. "As pessoas escoram nas paredes".... ESCORAM, entende? Que criança com 11 anos sabe escrever um poema como aquele? Sabe fazer uma frase assim? Sabe o que é escorar!!!!??? Das duas uma: ou minha professora tinha que me chamar para uma bronca por tentar burlar o sistema ou para certificar-se da minha gênialidade. Escoram...
E pensar que hoje eu não escrevo nem bilhete.
 

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