A tragédia é universal. Se quiser ser compreendido, escute
O slogan traduz perfeitamente o filme. E um pouco sobre a vida.
Dirigido pelo mexicano Alejando Gonzáles Iñárritu, "Babel", assim como seu sucessor "21 gramas" intercala tramas diferentes para nos dizer o que quer. O filme mostra como um evento [o "atentado" a uma turista americana, Susan (Cate Blanchett)], afeta a vida de diferentes pessoas ao redor do mundo. Das crianças marroquinas que viviam próximas de onde a turista com seu marido Richard (Brad Pitt) viajavam, à jovem japonesa Chieko (Rinko Kikushi) do outro lado do mundo.
Aqui as histórias não são o prato principal. O filme todo fala da incomunicabilidade e das barreiras impostas por conceitos pré estalbelecidos. Incomunicabilidade essa que leva os personagens a agirem sem levar nada em consideração além do que acham ser certo e por isso acabam sempre errando e Incomunicabilidade quebrada apenas quando todos os limites já se foram e o mais curioso: ás vezes com a participação de estranhos, como no caso de Chieko e de Susan, a qual, que antes se recusava a beber água marroquina, acaba aceitando a ajuda, na própria carne, da agulha e linha de um veterinário, esterelizadas em um simples isqueiros.
Com cenas marcantes, como a partida do casal do vilarejo (mostrando o quanto nosso mundo pensa através do dinheiro), com uma atuação memorável de Brad Pitt e com a interpretação ótima de Rinko Kikushi, que quase rouba a história do filme interpretando uma garota surda muda que tenta se encontrar nesse mundo onde todos estamos surdos, Babel é uma ótima metáfora para o homem de hoje, que vive em um mundo que pode até ser plano, como define o colunista no "The New York Times", Thomas Friedman, mas é habitado por homens que não são. Talvez essa seja a razão da nossa Incomunicabilidade.